Dominavam o cheiro de cigarro, a música lenta e as luzes azuis. Os três impregnavam em mim de uma maneira estranhamente normal, como se cigarros, música lenta e luzes azuis de fato fizessem parte de meu tórrido dia-a-dia. Talvez realmente o fizessem nessas últimas semanas. Não é por mal toda via que Rosália tem resmungado baixinho acerca de meus odores e olheiras. Como é mesmo que ela diz? "Tudo por um rabo de saia." sorrio para minha indulgente governanta e lhe explico calmamente que meu rabo de saia não usa saias. "Vestidos apertados e vulgares, então? Bem pior, menino! Olha você..." abano a cabeça em falsa concordância.
Cheiro de cigarro, música lenta e luzes azuis são o pacote que acompanham a mulata de cabelos caramelos que acompanho há semanas. Sua voz adocicada e o andar pulsante completam o pacote que sempre procurei.
-Em que posso lhe servir? - Sorria o garçom que me acompanhava nesse caso impróprio.
-Você sabe, meu caro. - Lhe devolvia o sorriso e então voltava a observar minha mulata.