Alegria suja

12:14

     
Sentia-se sozinha em meio a multidão. Via a alegria e o brilho nos olhos das pessoas ao seu redor, porém nunca conseguia sentir-se perto o bastante. Era triste vê-la assim, tão perdida e só, pobre menina.  
     Foi sem tempo então, o dia em que um verdadeiro sorriso nasceu-lhe no rosto e aqueceu o coração que antes, não havia nem certeza se realmente estava ali. Ela estava sendo presenteada com alegria -alegria pura e simples. Alegria que sempre via nos olhos de crianças, mas nunca sentia em si. Alegria de amor, alegria de saudade, alegria de paz...sonhou, sonhou e então a alegria veio visitá-la em um fim de tarde que se esvaia em um céu em chamas.
Seus olhos cerraram-se ante tal coisa que via, levantou-se da varanda gelada e caminhou em direção à alegria. Alegria essa que veio em forma peluda e suja, "bicho imundo" diria a tia rabugenta. A pequena menina não pensava isso, aos seus olhos, a forma peluda e suja era um anjo que viera dar-lhe alegria depois de anos e mais anos sem sorrisos. Chamou uma vez, queria se aproximar, mas tinha medo. Medo de que, garota? Sua alegria tem o mesmo tamanho de sua mão! Ao certo não sabia quem tinha mais medo ou hesitação. Pôs as mãos entre as grades do portão e arriscou uma carícia leve na cabeça peluda, pode-se ouvir um "au" cheio de ternura em troca. Sorriu abertamente, aquecendo o coração e os olhos. "Amo você, alegria." declarou em alto e bom som, esqueceu-se do dia em que jurou nunca mais dizer que amava alguém. Não sentia-se mais só em meio a multidão.
(04-06-11)
(foto via ashjessica)

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