sweet sixteen
19:52
Faltam cinquenta e sete minutos para meia-noite e há mais ou
menos uma hora estou olhando para o mesmo ponto. Será que sempre irá ser assim
quando eu resolver falar de mim mesma? É como se houvesse uma trava que segura
todos meus sentimentos ocultos sob personagens que variam com a temperatura do
ar ou a umidade dos olhos. Queria ser uma daquelas pessoas que ao final de cada
aniversário conseguem encher páginas e mais páginas com reflexões sobre o que
certa idade lhe trouxe de bom e de mal.
Talvez seja até melhor ser assim, retraída pelos anos e
desconfiada pelos acontecimentos. Descobri aos quinze que aos dez eu era madura
demais para minha idade, mas que nem por isso enfrentei meus problemas com mais
maestria ou menos medo. É agora que percebo que nunca, nem mesmo se quisesse,
poderia ter sido infeliz. Não há como ser infeliz quando se tem aos dez, aos
quinze e, provavelmente, aos dezesseis tantos anjos à sua volta.
Aliás, percebi somente agora que sinceridade não significa
exatamente dizer tudo o que lhe vem à mente. Sinceridade é muito mais do que
dizer a verdade aos outros, é dizer a verdade para você mesmo, porque se há
alguém que não precisa de mais mentiras, esse alguém é você.
Sei que hoje em dia vejo o mundo de uma forma totalmente
diferente do que via aos doze, por exemplo. Não sinto mais tanta dor por feridas
que não se fecham, mas nem por isso deixo de senti-las. Sinto que os anos me fizeram endurecer pouco
a pouco fazendo com que hoje em dia, chorar seja um privilégio assistido por
poucos, um desabafo mudo quando não se tem para onde correr. Aos oito eu
chorava e sabia que era fácil e até mesmo gostoso, mas algo me diz que aos
dezoito chorar vai ser algo sôfrego e trêmulo, que me atingirá aos poucos, quando
nem correr adiantará.
É estranho acreditar que daqui a poucos anos eu serei
oficialmente adulta, às vezes ainda me sinto como se tivesse o mesmo corpo de
doze e a mesma mente de dez anos e então levo um susto quando percebo que não,
que a menina de ontem não é mais a garota de hoje e tampouco será a mulher de
amanhã.
As pessoas se assustam quando descobrem que por trás de
tantos sorrisos há uma história que não vale a pena ser contada, somente agora,
aos quinze, me dei conta de que não é o ontem que irá me fazer mais ou menos
feliz, não é o ontem que irá fazer as pessoas a minha volta felizes, quem vai
fazer isso é o hoje. São minhas atitudes de hoje, de agora que irão arrancar
sorrisos e brilho nos olhos.
Todavia, é isso o que me faz ser quem eu sou: sorrisos e
brilho nos olhos. Tenho certeza absoluta que minha missão por aqui não envolve
lágrimas e rostos tristes, somente se estes rostos forem tristes até o momento
em que eu encontrá-los, porque se há algo que encaro como um bom e velho
desafio é fazer as pessoas sorrirem. Não há nada mais lindo do que sorrisos,
daqueles sorrisos que chegam aos olhos, aquecem o coração e a alma e logo se
transformam em risos que se tornam gargalhadas.
Sei que é cedo demais para botar na balança tudo o que já
fiz ou deixei de fazer, deixo isso para os cinqüenta, mas gostaria de deixar
muito claro para mim mesma: para quem não alimentou grandes expectativas quanto
aos quinze anos, nos saímos melhor do que esperado. Que eu continue assim,
afinal, firme e forte, sem nunca desistir.
Hasta la vista,
babies!
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