jeitinho brasileiro
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A tragédia em Santa Maria, no Rio
Grande do Sul, mostrou para o mundo algo que os brasileiros já sabiam há
tempos: nós só aprendemos quando é tarde demais. E não adianta resmungar, ficar
bravinho ou vir com conversas sobre a Constituição isso e os políticos aquilo.
Eu sou brasileira e não adianta esconder algo que está na frente de nossos
olhos desde sempre, o tal do jeitinho brasileiro não funciona.
Nosso país é conhecido por alegria
e irreverência (entre outros que não merecem ser citados aqui), mas além de
tudo isso, por nosso modo de improvisar a vida, de colocar água no feijão ou
seja lá como chamam, a questão não é essa. Improvisar funciona, não estou
dizendo o contrário, há pessoas que ganham a vida improvisando, levando tudo no
jeitinho, mas está na hora de abrirmos nossos olhos e aceitarmos de uma vez por
todas que um país em pleno desenvolvimento não pode nem consegue sobreviver na
base disso. Quantas vidas mais serão perdidas por que o jeitinho não funcionou?
Por que molhar a mão do fulano não foi suficiente?
Vi diversas pessoas falando sobre
criar uma lei para isso. Lei por quê? O Brasil é um dos países com
mais leis, mas também deve ser um dos países que menos as cumpre. É sempre
assim, uma pessoa é atropelada e a solução é criar uma lei, uma pipa é enroscada
no fio de eletricidade e lá vem mais um projeto de lei. Se a solução pra tudo é
criar leis e mais leis, que pelos menos se deem o trabalho de ler a
Constituição, algo que deveria ser costume vindo das escolas. Quer cobrar?
Cobra, você tem total direito. Porém pense antes de abrir a boca, leia,
pesquise, se informe. A solução não está em criar mais leis, será que isso
ainda não ficou claro? Se cumpríssemos aos menos noventa por cento do que ditam
nossas regras, muita coisa teria sido evitada. Não consigo entender onde é que
fica a lógica de improvisar regras e normas que foram feitas para proteger
nossas vidas, sinceramente, não dá para compreender um individuo que conhece
seus deveres, sabe das consequências de não os cumprir e mesmo assim, vai lá dá
um jeitinho.
Será que vamos precisar perder
mais duzentos e trinta e oito (até agora) futuros médicos, veterinários,
agrônomos, engenheiros, arquitetos, pais, mães, tios, tias, amigos, cidadãos
para nos darmos conta que assim o Brasil nunca vai ir para frente? Se formamos
uma sociedade onde um depende do outro, por que não seguirmos pelo menos isso?
E não adianta reclamar que Estados Unidos, Japão e Rússia são melhores
que nós. Claro que eles são, mil vezes até, porque eles ao menos honram suas
bandeiras e seguem as leias criadas para os ajudarem a zelar por suas vidas,
enquanto nós...nós o quê? Damos um jeitinho.
Eu sei que opiniões se diferem e
que cada qual tem seus pensamentos, mas aqui está o desabafo de alguém que
realmente sentiu a dor de quem estava lá, porque sabe que o endereço poderia
ter sido outro assim como os nomes e os rostos.
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