para a terra do nunca

17:19



  A saudade do passado vem, molha meus pés e volta, depois com tenacidade contínua molha minhas pernas e respinga algumas gotinhas em meus olhos. A hora já não passa mais tão devagar, os cochilos já não existem há muito tempo. Ser inconsequente? Pff, nem sonhe menina, é você por você mesmo, se vira!
Sinto como se minha alma tivesse envelhecido anos e mais anos, o cansaço se abrigou em mim de tal forma, que a animação antes sempre presente simplesmente saiu. Sinto falta das noites em claro, andando na rua sem destino, apenas rindo ao lado das pessoas que sempre estavam ali, a dor na bochecha que não sinto há tanto tempo era constante, nunca parávamos de gargalhar, pois nosso maior problema era achar algum lugar aberto para comer, ou então entrar em casa sem acordar ninguém.

  Cresci e no mesmo ritmo que eu, minhas responsabilidades cresceram, quase sempre me assusto por dar conta de tudo, mas até agora estou levando sem maiores obstáculos, exceto é claro, do que levantar da minha cama às seis horas da manhã nesse final de outono congelante jaraguaense. Ninguém mandou escolher Direito, querida.

  Fico pensando se afinal todo esse esforço hérculo vale a pena, se abrir mãos de tantas coisas que antigamente me faziam feliz realmente servirá de alguma coisa ao final de tudo, ou é só enrolação. Nos últimos dias tenho pensando muito em meus tsurus, em como quero ser como eles: única e especial, não apenas mais um papel em branco, em meio a outros milhares.

  Sinto falta do passado e não posso me condenar por isso, talvez por não voltar mais, talvez por ter sido mais leve e menos preocupada com esses malditos problemas de gente grande. Deus me livre de ser gente grande pra sempre!

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