forever eighteen
17:55
Eu
deveria estar estudando para a próxima prova da semana, mas acabei de levar um
susto: daqui a pouquíssimo tempo serei oficialmente adulta. Irei responder por
meus atos e estarei sujeita às consequências impostas para as outras pessoas
que se encaixam na mesma categoria que eu, adulta. Adultos. Esses seres de
tamanho elevado que acham que entendem tudo sobre tudo e que, na maior parte
das vezes, vivem para aquilo que não os fazem felizes. Não quero ser adulta, me
desculpe.
Acabei
de ler um texto que escrevi neste mesmo blog ao dezesseis anos, intitulado sweet sixteen, e percebi que muito do
que pensava há dois anos continua intacto hoje. A sinceridade e o agradecimento
a todos aqueles anjos de outrora segue porque acredito que nem mesmo após
perder todos meus amigos serei capaz de dar a eles menos valor.
Sempre
sonhei muito com tudo, entretanto o que frequentemente se destacou em meus
sonhos eram as possibilidades que a maioridade traria consigo. Chegando perto
desta tão esperada idade, não sinto tanta ansiedade quanto pensei que sentiria,
já exerço minhas plenas funções de adulta sem nem perceber, sei que as
responsabilidades tão pouco mudarão depois do terceiro dia do mês de julho
deste ano, o que acho estranho é não sentir essa tal “adulteza” iminente, meu
coração é o mesmo dos dezesseis, dos doze e dos dez anos, minha imaginação
continua tão fértil quanto aos seis anos e meus sonhos são os mesmos de sempre, que
não troco enquanto não realizo um por um. Pois é, a teimosia de todas as idades
segue sem se alterar, não me incomoda mais ser chamada teimosa, fica até com
cara de elogio.
Em
dois anos minha vida deu um giro completo, não sei quantos graus isto implica porque
continuo tão boa em matemática quanto fui a vida inteira, mas sinto que fui tão
surpreendida ao longo desse ínterim que a cada novo dia me torno mais fã das
surpresas diárias, dos dias singulares e das aventuras impensáveis. Nunca
imaginei viver tão cedo longe da minha família, mas compreendo que precisava
aprender o que esta nova condição me trouxe, também nunca pensei em namorar meu
melhor amigo, por mais que ninguém acredite nisso, e hoje já temos nosso
primeiro ano de relacionamento. Fazer faculdade de Direito então, era algo totalmente
fora do que eu havia cogitado e hoje me sinto satisfeita com minha escolha, sei
que esta é só a primeira fase e que posso desistir a qualquer momento, mas só
por ter tido a coragem de fazer algo tão inesperado e gostar disso, já me sinto
feliz. Confesso que sinto falta do Ensino Médio, algo que não pensei que fosse
sentir, na verdade sinto falta dos amigos que adquiri, da presença constante
destes em minha vida, que hoje se tornam motivos de grande euforia, já que é
tão difícil encontrá-los sem motivo, apenas por querer.
Sei
que muito continuará igual depois da meia noite dos meus dezoito, mas gosto de
pensar que já vivi dezoito invernos e que isso me dá razão suficiente para usar
quantos casacos quiser, mesmo que eles pareçam demais. Sou experiente, falou.
Viver
é tão gostoso que não nos damos conta disso até o momento em que já é tarde
demais, típico de nós, tão sabichões humanos, que só sabemos dar valor ao que
já perdemos. Relembrar o passado traz uma felicidade terna que é quase um
vício, entretanto é preciso ponderar entre passado, presente e futuro, pois de
nada adianta viver com o coração no passado e os olhos no futuro deixando o
presente passar. Por isso quero pedir a mim mesma nesse aniversário que me dê
de presente o hoje, que eu aprenda a viver cada novo hoje como o melhor
presente existente, mesmo que ele mais pareça um castigo algumas vezes, quero
ser capaz de sentir o gostinho de cada momento, de ter a alegria e os bons
sentimentos como embalagens, laços e flores do meu presente diário. Não quero
acreditar nessa história que a vida passa rápido demais depois dos dezoito,
porque ela já correu até aqui, agora é hora de ser lenta e prazerosa, de andar
sem pressa por entre os anos e me dar o deleite de viver cada ano com a
felicidade de décadas, cheia de boas lembranças e histórias.
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